Imaterial

Trilha dos Mandacarus

Histórico:

Em agosto de 1603, a tropa de Pero Coelho que retornava da primeira expedição oficial portuguesa ao solo cearense estaciona próximo à margem direita da foz do Rio Jaguaribe (rio das onças na língua tupi-guarani). Se deu neste local o primeiro acampamento mais prolongado, nesse período a tropa construiu um pequeno Forte, obra rudimentar que teve como estrutura o madeira nativa, notadamente o mangue que era abundante na região. Nasceu então, o Forte de São Lourenço, início da história de Fortim, no território que já era povoado por povos indígenas.

Durante quatro séculos, o território de Fortim esteve subordinado a cidade de Aracati que foi fundada na margem esquerda do rio Jaguaribe. Aracati, possuía importância estratégica na produção e escoamento da carne seca a mais rentável atividade econômica do século XVIII. Fortim também possuía um porto, no qual atracavam barcos de grande calado e navios a vapor.

O local era conhecido por Trapiche e foi também no século XX uma importante área de escoamento do sal que chegava pela linha férrea da salina Canoé. As salinas promoveram a ocupação de Fortim ao longo do percurso entre os tanques de extração de sal até o Trapiche. A importância do rio Jaguaribe influenciou a organização e até mesmo a disposição das casas e traçado das ruas na região. Atualmente, grande parte das casas está posicionada com a frente para o rio Jaguaribe, evidenciando sua importância.

Fortim permaneceu até 1992 politicamente como distrito de Aracati, tendo sido nesse ano elevado à categoria de município, com o nome de Fortinho, posteriormente sendo denominado oficialmente de Fortim. A cidade possui grande importância histórica para compreensão da ocupação portuguesa no Ceará, além disso, ainda preserva bens culturais, naturais, arquitetônicos e paisagísticos que remontam a construção inicial da sua identidade e memória, como são os casos da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, Farol da Barra e da Trilha dos Mandacarus (conhecida como Floresta de Cactos), que até o momento é o único patrimônio cultural reconhecido pelo município.

Descrição:

No litoral de Fortim, a fixação de dunas é evidenciada em extensas áreas com vegetação herbácea, gramíneas descontinuas e, em alguns setores, há também vegetação mais densa, com espécies arbustivas de pequeno porte associadas a cactáceas e palmeiras, sendo um dos setores conhecido como trilha dos mandacarus (popularmente denominada Floresta de Cactos) em virtude a representatividade do tipo vegetacional. A Trilha está situada na localidade do Pontal de Maceió, principal destino turístico de Fortim.

Com área aproximada de 8.400 m², a trilha dos mandacarus está inserida em campo de dunas fixas, com grande concentração das Cactáceas (família Cactaceae) de hábito colunar, que associadas a geomorfologia da área do seu entorno resultam numa paisagem singular. Além da relevância paisagística, a área possui grande importância ambiental, uma vez que as cactáceas possuem interações ecológicas com diversas espécies, dentre aves, mamíferos, insetos e répteis.

Situação atual:

A Trilha dos Mandacarus é bastante visitada por bugueiros, quadriclicitas, ciclistas e triheiros que percorrem a trilha, que está bem conservada, para atividades turísticas, de lazer e recreação. No sentido de reconhecimento como patrimônio cultural, a trilha se reveste de valor paisagístico, turístico, ambiental, florístico e faunístico inegáveis, nessa perspectiva podendo ser enquadrado como um sítio natural que possui e representa uma paisagem natural singular de Fortim.

Apesar do potencial e uso turístico desse patrimônio, percebe-se a necessidade de fortalecer o seu processo de preservação. Consideramos que o reconhecimento do patrimônio é uma ação fundamental, porém é necessário realizar ações que fomentem os valores educativo e simbólico desse importante patrimônio, com o intuito de valorizar a integração entre o material e o imaterial, o cultural e o natural.

Não existem placas informativas sobre o percurso da trilha no local e nem placas de informação sobre as espécies da flora e fauna que lá se encontram. Seria importante a visitação dos estudantes de Fortim e de outras cidades a fim de promover ações educativas patrimoniais e ambientais. Por fim, é essencial desenvolver ações educativas com moradores da localidade e pessoas que trabalham diretamente com o turismo na região, pensando soluções conjuntas de preservação ambiental, desenvolvimento do turismo sustentável e reconhecimento do patrimônio cultural e natural local.

Legislação:

LEI MUNICIPAL Nº 897/2022, DE 19 DE JULHO DE 2022.

Como chegar: Empresa que possui rota de ônibus para Fortim: Expresso Guanabara.

Agenda Cultural: Não se adequa.

Funcionamento: 24h, todos os dias.

Contato: Procurar bugueiros e locadores de quadriciclos locais.

Localização: Pontal do Maceió – Fortim/CE

Acessibilidade: Não possui ações de acessibilidade.

Possibilidades de Educação patrimonial:

  • Disciplina/Série Escolar: História – 3º ano Fundamental.
  • Objeto de Conhecimento: Os patrimônios históricos e culturais da cidade e/ou do município em que vive.
  • Habilidades: Identificar os marcos históricos do lugar em que vive e compreender seus significados.
  • Tema: O Patrimônio cultural e natural e sua relação com o Turismo.
  • Sugestão de atividades: Em sala de aula, refletir sobre a Trilha dos mandacarus como patrimônio cultural, ambiental e turístico de Fortim; Pedir aos alunos que identifiquem e selecionem locais que sejam importantes para a cultura e o turismo da cidade Dividir o grupo em equipes que apresentaram um trabalho de pesquisa sobre um determinado local selecionado. A pesquisa pode envolver entrevista com pessoas mais velhas, registros fotográficos, jornais antigos, etc… Cada equipe apresenta sua pesquisa em sala de aula, sugerindo ações para o uso turístico desses espaços de forma sustentável. (Possibilidade de realizar ações interdisciplinares entre História e Ciências)

Referências:

LEITE, Nicolly Santos. Zoneamento paisagístico das falésias do litoral de Fortim/Ceará: subsídios ao planejamento e à gestão ambiental. 2016. 180 f. Dissertação (Mestrado em geografia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-CE, 2016. Disponível em: https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/18794

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+ Informações

  • Praia do Pontal de Maceió - Fortim/CE
  • Aberto 24h, todos os dias

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