Papangus e Queima de Judas da Mangabeira
Histórico:
O Município de Cascavel, localizado em zona litorânea, atualmente intitulada Costa do Sol Nascente, é uma área de turismo e pesca. Sua origem encontra-se no assentamento dos colonizadores, datado de 25 de fevereiro de 1694, por Domingos Paes Botão e seu cunhado João da Fonseca Ferreira, que a receberam como sesmaria e a denominam Sítio Cascavel.
Cidade reconhecida pelas belas e famosas praias da Caponga, Águas Belas e Barra Nova, e por ser terra natal do renomado industrial Edson Queiroz que lá é representado por um bem estruturado memorial localizado no principal prédio histórico do município. Cascavel também se destaca como centro irradiador de diversas tradições populares: a famosa Feira de São Bento que atrai visitantes de diversas regiões do Ceará, a dança do coco-de-roda da praia do Balbino, o artesanato de cerâmica de Moita Redonda, a produção de objetos e móveis com o cipó-de-fogo na comunidade de Bica.
Apesar de contar com grande diversidade de valiosas expressões culturais, apenas a tradicional festa dos papangus e queima de Judas de Mangabeira foi reconhecida como patrimônio cultural da cidade. A festa é uma ação de valorização da cultura popular tradicional do sertão Cascavelense realizada anualmente em comemoração aos festejos da Semana Santa no Sábado de Aleluia, na Praça de Mangabeira. A Comunidade está situada acerca de 8 km da sede do Município.
Há mais de 50 anos, a festa dos Papangus e a Queima do Judas é realizada pela comunidade de Mangabeira e transmitida de geração em geração. O evento, além dos moradores da comunidade, recebe também pessoas de diversas outras localidades do Município e da região.
Descrição:
Segundo pesquisadores, a denominação papangu surgiu de uma brincadeira de familiares dos senhores de engenhos, que saíam mascarados e malvestidos para visitar amigos nas festas de carnaval e comiam angu, comida típica do agreste nordestino. Por isso, os mascarados ficaram conhecidos como papangus.
No Ceará, em muitas cidades, o ritual foi apropriado de forma diferente e se relaciona ao sacrifício de Jesus e à devoção ao Divino. Festa dos papangus é colorida e irreverente, ocorre na semana santa, especificamente no sábado se aleluia, quando homens e mulheres saem as ruas com roupas extravagantes, outros se cobrem em palha e correm pelas ruelas e praças brincando com as pessoas. Todos usam máscaras.
Na localidade da Mangabeira, a festa, que ocorre faz mais de 50 anos e tem algumas especificidades: desfile e concurso do melhor e pior papangu, atrações culturais artísticas e concurso de caretas. No sábado, na praça da Mangabeira, geralmente, iniciando por volta das 20h.
A festa possui estrutura de som, palco e iluminação. Diversas barracas vendem comidas e bebidas. Conta com segurança particular e apoio dos órgãos de trânsito e segurança da Prefeitura. A Festa inicia com atração cultural artística e antes da apresentação das bandas de música, os papangus começam a desfilar pelas ruas e praça, animando as pessoas que interagem nas brincadeiras. Entre as apresentações musicais, acontecem o animado concurso de melhor e pior papangu, além da tradicional queima de Judas.
Situação atual:
A Festa dos Papangus e Queima de Judas de Mangabeira representa diversos elementos culturais relacionada ao sacrifício de Jesus e a adoração ao Divino. É inquestionável a sua relevância, pois, além de fazer parte das memórias de um grupo específico de brincantes, também faz parte das memórias de cada família e de cada indivíduo da localidade de Mangabeira, o que contribui significativamente para a identidade desse grupo, criando um maior vínculo e afeto com o local.
A Festa é bem organizada e estruturada, com equipe de apoio, equipamentos, estruturas para realização de eventos de médio porte. É visível a grande participação da comunidade da localidade, além de moradores e de outras localidades do município. Apesar da Prefeitura assumir quase todos os custos do evento e a organização, a festa só acontece pela forte participação da comunidade de brincantes da Mangabeira, que renova e fortalece o legado dessa importante tradição e patrimônio cultural cascavelense. Na perspectiva da educação patrimonial não foi percebido ações com a finalidade de apresentar e divulgar a festa como patrimônio cultural da cidade.
Legislação: Lei Municipal 2.172/2024 de 08 de março de 2024.
Como chegar: Empresas que possuem rotas de ônibus para Cascavel: Expresso Guanabara e Viação São Benedito.
Agenda Cultural: a programação cultural pode ser acompanhada no instagram @culturacascavelce
Funcionamento: Não se aplica
Contato: @culturacascavelce
Localização: Praça de Mangabeira, Estrada de Cascavel – Jacarecoara, Cascavel – CE, CEP 62850-000
Acessibilidade: não possuem medidas de acessibilidade.
Possibilidades de Educação patrimonial:
- Disciplina/Série Escolar: História – 3º ano Fundamental
- Objeto de Conhecimento: A produção dos marcos da memória: a cidade e o campo, aproximações e diferenças.
- Habilidades: Identificar modos de vida na cidade e no campo no presente, comparando-os com os do passado.
- Tema: Os papangus como expressão e tradição cultural popular de Cascavel.
- Sugestão de atividades: Refletir com os alunos sobre a tradição dos papangus como patrimônio cultural de Cascavel; Pedir que os alunos que contem sobre o o conhecimento que possuem sobre a festa dos papangus; Pedir que os alunos pesquisem a comunidades rurais do seu município que possuem e preservam tradições populares; Solicitar que os alunos criem máscaras de papangus para realizar desfile e concurso da máscara mais criativa. Expor as máscaras criadas na Escola.
Referências:
SILVA, Maria das Graças da. Feira de São Bento em Cascavel – CE (festa a céu aberto). 2008. 127f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade Federal do Ceará, Departamento de Ciências Sociais, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Fortaleza-CE, 2008.. Disponível em https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/1499/1/2008_DIS_MGSILVA.pdf
Perfil histórico, geográfico e antropológico dos municípios do Ceará [livro eletrônico] / Seridião Correia Montenegro. – Fortaleza: INESP, 2023 Disponível em: https://www.institutodoceara.org.br/arquivos/Livros/PERFIL%20HIST%C3%93RICO%2C%20GEOGR%C3%81FICO%20E%20ANTROPOL%C3%93GICO%20DOS%20MUNIC%C3%8DPIOS%20DO%20CEAR%C3%81%20-%20TOMO%201%20-%20INESP%20-%20ALECE.pdf
+ Informações
- Praça de Mangabeira, Estrada de Cascavel - Jacarecoara, Cascavel - CE
- Todo sábado de Aleluia, a partir das 20h
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